Imagine a seguinte situação: você resolve ir ao cinema no final de semana para assistir à estreia daquele filme de Sci-Fi que você vinha esperando há meses. Depois do processo de convencer a esposa/namorada de que o filme realmente é bom, vocês vão até o shopping, rodam até encontrar uma vaga de estacionamento, caminham desviando das pessoas, chegam ao cinema, enfrentam 20 minutos de fila e compram o ingresso.
Agora vamos falar um pouco do ingresso. A média dos ingressos em Porto Alegre está por volta dos R$ 19,50 para uma sessão normal, R$ 24,00 para uma sessão 3D e R$ 30,00 uma sessão IMAX[ref]Segundo pesquisa feita por mim mesmo através dos sites dos cinemas existentes em Porto Alegre.[/ref]. Eu não sei vocês, mas eu acho esses valores bastante altos, ainda mais se considerarmos que às vezes o filme pode ter o Adam Sandler no elenco.
Agora, vamos fazer uma “conta de padeiro” aqui: se considerarmos uma capacidade de 350 lugares e uma lotação média de 85% da sala (em finais de semana eu imagino que ultrapasse essa lotação), isso significa que o cinema está faturando R$ 5.801,25 em uma sessão normal, R$ 7.140,00 em uma sessão 3D e R$ 8.925,00 por uma sessão IMAX.
Se pensarmos que cada cinema tem entre 8 e 12 salas (em São Paulo e Rio essa quantidade pode aumentar significativamente) e cada filme dura em média 2 horas, podemos ter aí um faturamento próximo de R$ 40 mil por hora. Em um sábado normal em que o cinema fique aberto 12 horas, temos R$ 480 mil por dia.
Claro, podemos dar um desconto para os caras, afinal eles nem sempre lotam as sessões, então digamos que eles consigam faturar apenas 90% desse valor (eu já havia dado um desconto de 15% na lotação antes, então não vamos baixar muito agora). Ainda assim são mais de R$ 430 mil em um dia de faturamento.
OK, agora que você sabe os números, vamos voltar à nossa historinha. Então você comprou o ingresso, com sua poltrona já devidamente marcada (se tiver sorte, alguns cinemas ainda estão na idade da pedra e as pessoas precisam fazer fila na porta da sala para conseguir um bom lugar), enfrentou nova fila para comprar sua pipoca (com aqueles funcionários totalmente sem vontade que atendem a todos com a lendária lentidão dos pipoqueiros de cinema) e passou pelo bilheteiro equilibrando aquele saco molenga de pipoca (deveriam ser baldes) e o copo de refrigerante mal tampado pelo já referido pipoqueiro.
Equilibrando seus snacks, você consegue entrar na sala, encontra sua cadeira, coloca o Android no silencioso, “veste” seus óculos 3D, respira fundo e se prepara para os trailers, já imaginando quais os argumentos que vai usar para convencer a mulher a ver determinado filme dali a algumas semanas e… OK, videozinho de “recomendações” de segurança e uso do cinema.
Até aí, tudo bem. Vamos aos trailers agora, não? Não, não vamos.
Você, que já pagou uma pequena fortuna pelo seu ingresso, agora vai ser obrigado a aguentar 5 minutos de comerciais de operadoras de celular, companhias de seguro, agências de publicidade e até mesmo do próprio espaço de anúncio no cinema, explicando como é vantajoso anunciar neste espaço, com um público cativo que não vai conseguir desviar o olhar da sua marca.
Mas espera aí: você já não pagou o ingresso do filme? Porque ainda tem que aceitar ser usado como “refém” do cinema para que ele venda mais um produto, fature algumas centenas de milhares de reais (porque esse espaço não é barato) e atrase mais ainda a sua diversão?
Sendo bem sincero, eu acho que depois de pagar o valor exorbitante do ingresso, eu não tenho que ser obrigado a ver comerciais de empresas e produtos totalmente sem qualquer relação com o motivo de eu estar ali, que é passar algumas horas confortavelmente sentado assistindo um bom filme (a não ser que seja do Adam Sandler, aí não é um bom filme).
Os trailers até são uma coisa boa, aumenta a expectativa para os próximos lançamentos e muitas vezes são obras de arte por si só, são muitas vezes tão aguardados como o próprio filme em si e têm espaço de destaque na mídia (via os lançamentos de teasers e trailers no intervalo do Super Bowl americano). Mas comerciais não fazem parte da nossa diversão!
“Ah, mas o Youtube tem propaganda antes dos vídeos e ninguém reclama” você irá dizer. Tem muita gente que reclama sim, mas o Youtube é gratuito, não te cobra ingresso, estacionamento e R$ 20,00 por um saco de pipoca. Os caras têm que sustentar o negócio deles de alguma forma, o que não é o caso dos cinemas.
Você não concorda?
Você não gostaria de, depois de passar por toda a via sacra até sua poltrona, poder sentar, relaxar, curtir uns trailers em 2 ou 3 minutos e começar a ver o filme pelo qual você pagou?
Pois justamente por isso convido vocês a se unirem a mim e aos Nerds em uma campanha: Trailer sim, propaganda não!
Ao longo dos próximos dias iremos veicular através do site e redes sociais material para tentar chamar a atenção das pessoas para o absurdo que é termos que pagar caro por algumas horas de entretenimento e termos que aguentar os mesmos comerciais dos quais já fugimos com o controle remoto em casa.
Isso sem falar na quantidade de logotipos de empresas e órgãos públicos que vemos em qualquer filme nacional, que já sai do estúdio pago pelos nossos impostos e nem deveriam ser cobrados para exibição (ou pelo menos deveriam ter um considerável desconto). Mas não vamos entrar nesse mérito.
Ajude-nos a tentar pelo menos diminuir a quantidade de propagandas, divulgando a campanha em seu perfil do Facebook, Google+ e Twitter.
Juntos quem sabe não conseguimos melhorar a qualidade dos cinemas do país, fazendo valer mais o nosso dinheiro e recebendo em retorno um serviço justo?
Para ajudar na nossa campanha, acesse nossos perfis no Facebook, Google+ e Twitter, e junte-se a nós ao gritarmos “Trailer sim! Propaganda não!”
Categorias:Cinema
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