Cinema

Top 10: Filmes de Sci-Fi


Recentemente propus uma discussão em nosso grupo de RPG que foi muito bem definida pelo Rafael Lopes como “mexer em um vespeiro”. A minha ideia era colher as opiniões de todos do nosso grupo sobre quais seriam os Top 10 Filmes de Sci-Fi de todos os tempos.

Já vinha querendo escrever sobre isso há algum tempo, mas achei que a lista ficaria muito tendenciosa, caso partisse somente da minha cabeça. Por este motivo, achei interessante colher alguns insights do grupo, e desta forma ter uma lista mais completa.

Pois bem, a idéia do texto era não apenas apresentar a lista dos filmes, mas também o porque eles eram importantes, seja em um nível pessoal, seja em um nível cinematográfico ou histórico. Porque, no final, Sci-Fi tem uma enorme importância histórica, pois muitos dos avanços que temos hoje em nossa civilização se devem ao que um dia foi imaginado como “ficção científica”, itens como celulares, internet, videoconferência e muito mais.

No final, ficou um misto do que foi levantado na discussão com o grupo dos Nerds, e mais alguma coisa que foi surgindo na minha cabeça enquanto escrevia este texto.

Convido então vocês a se ajeitarem na cadeira, respirarem fundo e se prepararem, pois o texto é longo, mas vale a pena. E ao final do texto, convido vocês a deixarem nos comentários quais seriam os seus “Top Filmes de Sci-Fi”? Será que faltou algum na lista? O que vocês mudariam?

 Vamos lá!

#1 – 2001: Uma Odisseia no Espaço

O clássico dos clássicos, lançado em 1968 e dirigido pelo gênio supremo, Stanley Kubrick. Com roteiro escrito por Kubrick e Arthur C. Clarke (que ao mesmo tempo escrevia o livro homônimo que foi lançado pouco depois do filme), e baseado no conto “O Sentinela” de Clarke, este filme ousou imaginar como seriam as viagens espaciais em plena corrida pela lua, quando muita coisa sobre o espaço ainda era desconhecida.

Bancando o futurólogo, antecipando muitas inovações tecnológicas que ainda hoje são novidades, como por exemplo os tablets, gravidade artificial e outros.

Ao contrário de muitos filmes feitos depois, 2001 não precisa de cenas mirabolantes, explosões fantásticas, mulheres fatais e cenários cheios de sons e luzes para impressionar. Bem pelo contrário, utiliza recursos muito mais sutis para passar sua idéia, como o total silêncio do vácuo do espaço, ou quando conseguimos apenas ouvir a respiração de Dave dentro de seu traje, exatamente como ele ouviria nessa situação.

Não vale discorrer muito sobre este filme, visto que o Fabiano Neme publicou recentemente uma análise bem mais detalhada AQUI, então os convido a assistir o filme novamente (ou pela primeira vez, se você é um herege e ainda não viu), e depois deem uma lida no texto do Fabiano. Vale a pena!

#2 – Blade Runner: O Caçador de Androides

Lançado no distante ano de 1982 (mesmo ano que eu nasci), dirigido por Ridley Scott e estrelado por Harrison Ford, tem também no elenco Rutger Hauer, Edward James Olmos (o eterno Comandante Adama) e Daryl Hannah.

O filme introduziu muitos conceitos do mundo Cyberpunk, em um clima de distopia futurista, narrativa complexa e comentários em off do personagem principal, Rick Deckard. Além disso, cidades com uma imensa densidade populacional, carros voadores, pouca luz natural e muita chuva passaram a ser recursos usados em muitas produções posteriores que buscavam retratar futuros distópicos, tudo influenciado por Blade Runner.

Blade Runner foi o mais votado em nossa discussão, e apenas não ficou em primeiro lugar porque 2001 de Kubrick será para sempre a obra máxima da ficção científica no cinema.

#3: Alien: O Oitavo Passageiro

Alien: O Oitavo PassageiroMais um representante da era de ouro do Sci-Fi, Alien foi lançado em 1979, e assim como Blade Runner, foi dirigido por Ridley Scott. Estrelado por Sigourney Weaver como Ripley, contava no elenco com Tom Skerritt, John Hurt, Ian Holm, entre outros.

Com o famoso slogan “no espaço ninguém pode te ouvir gritar”, Alien lançou para muitos a ideia de que o espaço é perigoso, escuro e cheio de monstros espreitando. A sensação de horror é aumentada exponencialmente pela obra de H. R. Giger, artista surrealista que criou o visual do Alien no filme. Realmente, os monstros de Alien remetem à um horror puro, cru, desprovido de intenções secundárias. É tudo muito objetivo e simples: o monstro está aqui para matar você. Ponto.

Por fim, o filme brinca com conceitos bastante avançados para a época, com uma visão prática das viagens espaciais e a existência de inteligência artificial como algo altamente avançado, além de apresentar uma heroína que não estava ali apenas para gritar ou aparecer em cenas sensuais. Ripley é durona, obstinada e claramente movida por uma inabalável vontade de viver, e não deixa nada a desejar como personagem principal do filme.

#4: Matrix

MatrixLançado em 1999, dirigido pelos Irmãos Wachowski e estrelado por Keanu Reeves, Laurence Fishburne, Carrie-Anne Moss e Hugo Weaving, Matrix revolucionou a maneira de se fazer cinema.

Lançando mão de recursos inovadores como o Bullet-Time, Matrix apresentou um mundo fantástico, em que as regras da realidade podiam ser torcidas (e as vezes até mesmo quebradas). Fazendo uso racional de CG aliado a truques de câmera inovadores e técnicas usadas pelo cinema oriental, o filme conseguiu manter um visual ao mesmo tempo realista e fantástico, tornando até mesmo as cenas mais irreais em algo “acreditável”.

Além disso, Matrix faz uso de diversas referências e simbolismos, com cenas emblemáticas lembrando clássicos como Superman II (o “vôo” de Trinity no começo do filme) e os nomes dos personagens. Aliás, todos estes simbolismos mereceriam também um post a parte.

Por fim, não conheço ninguém que tenha visto Matrix tantas vezes quanto eu: 119 vezes no total até agora, sendo que 8 vezes foram no cinema, na primeira semana do filme em cartaz. Cheguei ao absurdo de ir a duas sessões seguidas, hehehe.

#5 – Contatos Imediatos do 3º Grau

Encontros Imediatos do 3o GrauE novamente, a era de ouro do Sci-Fi nos traz um grande clássico. Lançado em 1977, escrito e dirigido por Steven Spielberg e estrelado por Richard Dreyfuss. O filme é provavelmente o maior clássico sobre abduções e contatos imediatos já feito, e faz uma mistura interessante entre ficção e fantasia.

Com uma série de histórias paralelas que acabam se interligando no final, o filme tece uma trama que acaba levando a humanidade a uma resposta definitiva da pergunta “estamos sós no universo?”

Além disso, o filme tem uma das trilhas sonoras mais emblemáticas do Sci-Fi, com clássica frase tonal de 5 tons usada pelos alienígenas. O filme termina em um clima emocionante, e deixa um gosto de “quero mais” ao terminar, com um grupo de voluntários lançando-se rumo ao infinito.

Na época do lançamento o filme chegou a causar uma movimentação nas linhas da polícia de diversas cidades, com pessoas impressionadas alegando terem visto discos voadores e outros “objetos estranhos nos céus”. 😛

#6 – De Volta para o Futuro

De Volta para o FuturoFilme de 1985, escrito e dirigido por Robert Zemeckis, produzido por Steven Spielberg e estrelado por Michael J. Fox e Christopher Loyd, é um dos filmes mais emblemáticos da infância e adolescência dos Nerds de 30 e poucos anos.

Lançando mão de símbolos que ficaram para sempre em nossa memória, como o “Delorean/Máquina do Tempo”, o “Capacitor de Fluxo”, a frase “1.21 Gigawatts?!?!” e a música “Johnny B. Goode” (além do próprio tema do filme), De Volta para o Futuro é um dos grandes clássicos da Sessão da Tarde. Eu mesmo, como bom Nerd, tenho minha réplica de Delorean aqui na estante de casa.

Além disso, o filme sai um pouco da temática “espaço/alienígenas” do Sci-Fi, e entra mais na ciência, na física, viagens no tempo, causa e efeito, e tem todo um tom mais leve e cômico, sem perder o componente “diversão para nerds de todas as idades”.

#7 – Guerra nas Estrelas: Episódio V – O Império Contra-Ataca

Guerra nas Estrelas Episódio VFilme de 1980, dirigido por Irvin Kershner, com George Lucas como Produtor Executivo e Escritor Original (a história depois foi reescrita por Leigh Brackett e Lawrence Kasdan). Foi o segundo filme da saga a ser lançado, e é o quinto filme da cronologia.

O filme traz de volta os personagens do primeiro filme, como Luke Skywalker (Mark Hamill), Han Solo (Harrison Ford) e Leia Organa (Carrie Fisher), além de introduzir novos personagens como Lando Calrissian (Billy Dee Willians) e o grande Mestre Yoda (Frank Oz).

Considerado por muitos como o mais sóbrio e maduro dos filmes de toda a saga, O Império Contra-Ataca mostra a jornada de Luke Skywalker para evoluir de um mero aprendiz e usuário da Força para um verdadeiro Cavaleiro Jedi. É nesse filme que entendemos melhor a natureza da Força, aprendemos alguns novos poderes a disposição dos Jedi, e descobrimos a grande e aterradora verdade por trás da relação entre Darth Vader e Luke Skywalker.

Este filme foi responsável por uma das maiores reviravoltas cinematográficas do Sci-Fi, e causou muito furor na época, em que legiões de fãs (A.K.A. “Nerds”, hehehe) saíam dos cinemas embasbacados pela revelação de Vader. Além disso, é o responsável também pelo mais famoso “misquote” do cinema: “Luke, eu sou seu pai”.

#8: Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan

A Ira de KhanLançado em 1982, o filme foi dirigido por Nicholas Meyer e tem como estrelas a tripulação da série clássica dos anos 60, Almirante James T. Kirk (William Shatner), Capitão Spock (Leonard Nimoy), Dr. Leonard McCoy (DeForest Kelley), Engenheiro-Chefe Montgomery Scott (James Doohan), Comandante Hikaru Sulu (George Takei), Comandante Pavel Chekov (Walter Koenig) e Comandante Nyota Uhura (Nichelle Nichols).

Além disso, o filme conta com a atuação de Ricardo Montalbán, no papel do vilão Khan Noonien Singh, um humano geneticamente aperfeiçoado que chegou a controlar ¼ da Terra durante as “Guerras Eugênicas”, e nêmese máximo de Kirk. Deste filme saiu a expressão “o único som que se propaga no vácuo é KHAAAANNN!!!!”.

O filme é considerado por muitos como o mais importante de todo o universo de Jornada nas Estrelas, e mostra o retorno de um antigo inimigo da Enterprise, disposto a pagar qualquer preço para alcançar sua vingança tramada ao longo de 15 anos em exílio.

O final do filme é com certeza o mais emocionante de toda a saga, e um dos mais emocionantes do Sci-Fi. A morte de um dos personagens mais icônicos do Sci-Fi, acompanhada da frase “eu tenho sido, e sempre serei, seu amigo” é algo que realmente me emociona até hoje. Sim, sou um Nerd bobo e velho que chora quando o Spock morre.

A recente produção Jornada nas Estrelas: Além da Escuridão trouxe de volta o vilão Khan e tentou recriar (a seu modo) a cena final de A Ira de Khan, mas não chegou nem perto do impacto causado pelo filme original.

#9: Tron

TronMais um filme de 1982, Tron foi dirigido por Steven Lisberger, e estrelava Jeff Bridges e Bruce Boxleitner. Tron retrata a épica aventura de um programador que acaba sendo sugado para dentro de um mundo virtual, onde os habitantes são os programas criados por ele e seus colegas.

Tron fez uso da computação gráfica da época como nenhum outro filme havia feito, e transportou o público para um mundo completamente diferente do nosso, onde até a luz se comportava de maneira totalmente diferente.

Além disso, Tron gerou toda uma franquia de jogos baseados no filme, e gerou inovações tecnológicas que pautaram os efeitos especiais e a própria evolução da computação gráfica por anos.

Para completar, o filme tem uma estória simples, porém envolvente, do bem contra o mal, do salvador que chega para derrotar o grande opressor, na figura de Flynn (Bridges) que é transportado para o mundo virtual, e acaba por derrotar a tirania do programa Master Control.

#10: Metropolis

MetropolisProdução alemã de 1927, é um filme mudo dirigido por por Fritz Lang, que também escreveu a estória juntamente com sua esposa, Thea von Harbou. O filme estrelava Brigitte Helm, Gustav Fröhlich, Alfred Abel e Rudolf Klein-Rogge.

Apesar de não ter surgido em nossa discussão inicial, este filme tem enorme importância para o Sci-Fi, e não poderia ter ficado de fora da lista dos Top 10. O que torna esse filme tão importante? Ele é considerado por muitos como o primeiro filme de longa metragem do gênero de ficção científica da história da humanidade. Também foi o filme mais caro produzido até então!

O filme retrata uma cidade futurista, uma distopia disfarçada de utopia (que mais tarde serviria de inspiração para muitos filmes, como Gattaca por exemplo), e seu mundo retrata muitos elementos que depois se tornariam característicos do tema Cyberpunk, e inegavelmente serviu de inspiração para outro filme desta lista, Blade Runner.

A história do filme é muito bem construída, e a produção criou tecnologias que mais tarde seriam usadas por Hollywood e até pelo grande mestre do suspense, Alfred Hitchcock.

Para assistir e entender bem a história, eu recomendo procurar a restauração que foi lançada em 2010, baseada em rolos encontrados na Argentina, Austrália e Nova Zelândia, com uma trilha sonora renovada e legendas sobrepostas ao invés das antigas legendas entrecortando as cenas.

Menções Honrosas

A proposta da lista era falar apenas de 10 filmes, o que foi uma tarefa hercúlea, visto a quantidade e qualidade dos filmes disponíveis. Mas fica difícil pelo menos não citar outros filmes, menções honrosas do Sci-Fi, e que merecem figurar pelo menos ao final dessa lista como “outros excelentes filmes”.

  • O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final (1991)
  • E.T. – O Extraterrestre (1982)
  • Guerra Nas Estrelas: Episódio IV – Uma Nova Esperança (1977)
  • Guerra nas Estrelas: Episódio VI – O Retorno de Jedi (1983)
  • O Predador (1987)
  • O Segredo do Abismo (1989)
  • O Último Guerreiro das Estrelas (1984)
  • Stargate (1994)
  • Akira (1988)
  • Distrito 9 (2009)
  • Fogo no Céu (1993)
  • Invasores de Corpos (1978)
  • Johnny Mnemonic (1995)
  • O Enigma de Andrômeda (1971)
  • Planeta dos Macacos (1968)
  • Robocop (1987)
  • Vingador do Futuro (1990)

Bem, era isso pessoal!

Quem sabe um dia faço um Top 20? Top 30? Se vocês tiverem paciência para ler, hahaha.

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3 respostas »

  1. Eu concordo com a lista sem tirar nem por! Perfeita! Na lista de menções honrosas eu incluiria “Admirável Mundo Novo” e “Equilibrium”.
    Só uma curiosidade: Bruce Boxleitner, de Tron, mais tarde viria a ser o comandante John Sheridan de Babylon 5. Aliás, falando em Babylon 5, vocês se deram conta que os dois comandantes têm as mesmas inicias? E que elas são as mesmas iniciais do criador? O primeiro foi Jack Sinclair, seguido pelo já mencionado John Sheridan. E a série foi criada por J. Michael Straczynski.

    Abraço.

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